5. Ideal Positivista

Os ‘ideais positivistas’ tinham, no começo do século XX, um grande apelo filosófico tanto no meio militar (Forças Armadas) como na classe média brasileira. Embora nunca tenha se declarado um livre pensador positivista, Roberto Glasser sempre se mostrou um fiel defensor do espírito cívico e do amor à pátria. Acreditava que o planejamento social poderia promover um bem-estar do maior número possível de indivíduos dentro da sociedade. Acreditava que mocidade brasileira precisava ter seu corpo moldado, transformado e aperfeiçoado por uma rígida disciplina militar através de práticas corporais como a ginástica, a esgrima, as marchas, as bandas marciais e, sobretudo, o tiro.9 Roberto Glasser acreditava, também, que foram, justamente, os ideais positivistas que permitiram alavancar a troca de regime que motivou a Proclamação da República em 1889. Foi, portanto, dentro deste engajamento filosófico que empenhou esforços para fomentar a criação de instituições que corroboravam com os ideais positivistas:

Tiro de Guerra Rio Branco em deslocamento para a Capital Federal na Cidade do Rio de Janeiro (1910).
Tiro de Guerra Rio Branco em deslocamento para a Capital Federal na Cidade do Rio de Janeiro (1910).

– Ajudou a fundar o Tiro de Guerra Rio Branco10 de Curitiba, ou Tiro 19, em 6 de junho de 1909, ao lado de figuras como General João Gualberto, David Carneiro Junior, Plínio Alves Monteiro Tourinho e outros membros que figuram como sócios-fundadores (DIARIO da TARDE, 04 mai. 1917; DIARIO da TARDE, 06 jun. 1934; ALMANACH do PARANÁ: Commercio, História e Literatura, ed. 14, 1913). Roberto Glasser fez parte da gloriosa jornada que levou a “Bandeira Paranaense” ao Rio de Janeiro (jornada marcada por uma competição militar nacional que deu a vitória agremiação paranaense). A agremiação paranaense foi o grande destaque no desfile de 7 de setembro de 1910, sendo recebida com eufórica aclamação na Capita Federal (REVISTA BRASILEIRA de EDUCAÇÃO FÍSICA e ESPORTE, v. 29, no. 2, 2015). Recebeu o título de ‘Veterano do Batalhão’ após completar 30 anos de bons serviços prestados a corporação, em 1939 (O DIA, 14 mai. 1942; CORREIO do PARANÁ, ed. 608, 06 jun. 1934).

 

– Ajudou a fundar e foi um dos diretores da Liga da Defesa Nacional no Paraná proclamada em 29 de janeiro de 1917 pelo Diretório Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Presidia o Diretório Central o Sr. Wenceslau Braz (Presidente da República) e sua diretoria era formada por nomes como Ruy Barbosa, Rodrigues Alves, João Alfredo, Olavo Bilac e o Ministro Pedro Lessa. Na administração regional, Roberto Glasser exerceu a função de tesoureiro (COMMERCIO do PARANÁ, 16 mar. 1917). Em 25 de março de 1942, Roberto Glasser funda o Diretório Regional da Liga de Defesa Nacional no Paraná. Sua atuação está ligada a campanha pela implantação do serviço militar obrigatório no Brasil. Os objetivos da Liga se inseriram num ideário nacionalista que estimulava o conceito de “cidadão-soldado”, considerando as Forças Armadas como uma escola de civismo e cidadania. Uma de suas conquistas foi a obrigatoriedade da apresentação da carteira de reservista aos candidatos a cargos públicos.11

General Isidoro Dias Lopes (sentado), líder do movimento revolucionário de 1924 na presença de Roberto e Yvette Glasser.
General Isidoro Dias Lopes (sentado), líder do movimento revolucionário de 1924 na presença de Roberto e Yvette Glasser.

Um fato curioso relacionado com o período do positivismo no Brasil diz respeito a visita ao Paraná do general Isidoro Dias Lopes em 1924. O general Lopes, líder do movimento revolucionário de 1924, viajou pelos estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul para verificar a disposição dos militares que se prontificaram a apoiar o levante nos respectivos estados.12  O general Isidoro Dias Lopes tinha no Senador Roberto Glasser (tenentista civil) um grande admirador pois, além de liderar várias revoltas que simbolizavam os anseios do movimento “tenentista” (movimento formado por oficiais positivistas), Roberto Glasser e Isidoro Dias Lopes lutaram juntos na Revolução Federalista de 1893 (no lado dos soldados rebeldes – maragatos), sendo ambos exilados fora do Brasil.

9 O tiro de guerra 19 Rio Branco: apontamentos acerca da institucionalização esportiva de Curitiba (1909-1910). Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/99797/98251>. Acesso em: 28 de janeiro de 2018.

 

10.a O Tiro Rio Branco foi uma instituição militar destinada a formação de reservistas brasileiros consistindo-se como centro de formação das futuras lideranças comunitárias e municipais quer no campo da política, da educação, da governança, da iniciativa privada, ou seja, cidadãos que teriam franca e intensa participação no desenvolvimento regional e nos benefícios sociais que se desdobrariam com essa possibilidade (Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 29, n. 2, 2015).

 

10.b O Tiro Rio Branco funcionou por 37 anos e foi extinto por foça da portaria 8.747 de 31 de outubro de 1945 (CORREIO da MANHÃ, 04 jun. 1946).

 

11 LIGA DA DEFESA NACIONAL. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Liga_da_Defesa_Nacional>. Acesso em: 20/03/2018.

 

12 ISIDORO DIAS LOPES.  Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/biografias/isidoro_dias_lopes>. Acesso em: 7 de dezembro de 2017.